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dear cinema

Críticas simples e curtas.

Knight of Cups (2015) AKA demasiados mins para 1 filme que podia ser 1 trailer

por rita ralha, em 07.03.16

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De forma geral, considero-me uma espectadora mediana: alguém cujo palato nem sempre é facilmente comprado, mas cujo limiar de tolerância aguenta muita coisa (com exceção de desfiles sonora e visualmente explosivos ao estilo de The Expendibles e outros primos seus). Acrescento também que não sou grande conhecedora do cinema de Terrence Malick.

 

Vi o trailer e imaginei uma história repleta de caras conhecidas, passada no ambiente supérfluo dos trabalhadores de Hollywood, preenchida com aquela luz (nevoeiro?) incandescente que Malick gosta. Imaginei também diálogos.

 

Vi o filme e fiquei com a impressão de ter estado 2h a ver um poema. Como pessoa que adora ver filmes diferentes, louvo a capacidade de Malick de oferecer algo distinto dos formatos normais e de conseguir colocar-nos na pele do protagonista, tornando pulsante a falta de orientação que ele parece sentir. Como pessoa que gosta de estar entretida, não deixaram de ser 120m que na verdade podiam ter sido 45. A história gira sempre em torno do mesmo epicentro, sem que haja visivelmente uma progressão, apenas o experienciar de diferentes situações que parecem gerar invariavelmente o mesmo output.

 

5/10

Steve Jobs (2015) AKA Let the reign of the Fass begin (or continue?)

por rita ralha, em 25.02.16

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Sorkin parece ter o dom de em apenas 5m de diálogo nos conseguir mostrar toda a cretinice suprema dos seus heróis. (vide Zuckerburg em The Social Network e Will McAvoy em Newsroom), sem no entanto deixarmos de gostar deles. Steve Jobs não fugiu à regra e nem a carinha perfeita do Fassbender nos salva de encontrarmos um protagonista irritantemente inflexível e arrogante. Felizmente, está tudo enrolado numa músiquinha computer-like e no ritmo viciante que Danny Boyle tão agilmente dá aos seus filmes e que me fazem querer sempre continuar a ver (independentemente de estar a ouvir discursos presunçosos, crianças a cair em montes de cocó ou braços a serem cortados pelos próprios donos).

 

Ficará, provavelmente, em muitas mentes a inevitável pena de um livro tão gordo como o de Walter Isaacson dar origem a um filme parco em termos de variedade de momentos da vida de Jobs. Mas, a verdade é que para mim este tipo de visão paralelista e evolutiva é infinitamente mais interessante (já me chegou sofrer durante 128m, quando em 2013, Ashton Kutcher tentou dar vida ao mesmo papel) e tem capacidade para dizer tão ou mais que uma narrativa linear (pelo menos nas mãos de Sorkin).

 

Fassbender está oscar-digno, com o seu discurso acelerado, uma voz menos grave que o habitual e o olhar sou-melhor-que-qualquer-ser-humano-que-alguma-vez-respirou que Jobs (neste filme) claramente deixava emanar.

 

Gostei, mas não adorei (quando acabou, não ficou aquela sensação de awesomeness que me faz sair da sala ainda boquiaberta e de pés leves).

 

7/10

Room (2015) AKA pequeno espaço, grande filme

por rita ralha, em 24.02.16

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Num ano em que, no meu cérebro, os "melhores filmes" parecem estar todos a deixar um bocadinho a desejar, Room chegou e conquistou o clássico lugar "não estava nada à espera, mas adorei".

 

Brie Larson e o miúdo tomam conta do filme e prendem-nos a momentos de ternura, esperança, tristeza imensa e nervosismo, tudo filmado de forma subtil, sem qualquer sensação de invasão de privacidade (tendo em conta os reduzidos metros quadrados).

 

Estive sempre de olhos e atenção colados ao ecrã e cheguei mesmo a viver um momento de ligeria taquicárdia. Fiquei imensamente satisfeita pela variedade de momentos que o filme mostra (esperava mais monotonia, confesso).

 

Gostei imenso.

 

9/10

The Revenant (2015) aka Leo Bloody Leo (nnhhhrrrrrrr!!)

por rita ralha, em 24.02.16

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O Sr. Iñárritu não desilude ninguém, acho que podemos gravar isto na pedra. Sentir com emoção, intimidade e boa montagem é com ele.

 

The Revenant foi a aventura vísceral que esperava (e ainda bem). Tem sangue, neve, ursos, cavalos, montanhas, rios, mais sangue e muitos, muitos grunhidos do Leo (aliás, se a imagem de cima pudesse grunhir, sintetizava perfeitamente o filme), tudo filmado bem de perto, como se lá estivessemos também de pele de búfalo em cima e barba desgrenhada. A história é simples, o que me permite dizer pela enésima vez que não são necessários enredos complicados para filmar um grande filme.

 

O Leo está ótimo, mas fico com dúvidas se me junto à crowd russa que berra pelo seu reconhecimento e promete erguer estátuas de ouro em sua honra (naturalmente, a minha cabeça está ocupada com o deslumbre oferecido pelo Fassbender com aquela voz a atirar para o agudo e cretinice suprema do Jobs).

 

8/10

Inside Out + Anomalisa (2015) AKA Como 2015 foi o ano em que a Rita viu animação como nunca

por rita ralha, em 19.02.16

Às vezes acontece-me gostar tanto de um filme que tenho medo de não conseguir dizer todas as coisas "certas" sobre ele. Rascunho críticas, mas não consigo chegar àquele ponto de sentir que disse exatamente tudo o que pensei sobre aquele filme e sobre o que ele me fez pensar.

Em 2015, aconteceu com o Anomalisa e o Inside Out. Em 2016, acabam-se as mariquices.

 

INSIDE OUT

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O obrigatório disclaimer: quem tem o privilégio de me conhecer, saberá que torço sempre o nariz quando me tentam convencer a ver filmes de animação. Não o faço por arrogância ou ignorância, simplesmente porque vi vários (já em idade adulta) e raramente me senti envolvida. Ainda assim, fui ver o Inside Out, pelo conceito aparentemente aliciante e por bons amigos terem dito "mesmo tu, vais gostar". Quem sou eu para não seguir conselhos de gente claramente boa (pelo menos a escolher os seus amigos)?

 

A história é original e é exposta de forma muito inteligente (fiquei a pensar que as crianças pequenas não verão exatamente o mesmo filme que os adultos). Retrata bem a dificuldade que (por vezes) é existir, independemente da idade ou do estado de maturidade da pessoa.

 

Foi a forma mais inteligente que vi até hoje de apresentar a multiplicidade de seres que nos "sentimos ser" ao longo da vida.

 

Gostei muito.

 

8/10

 

 

ANOMALISA

 

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Algo escrito pelo Charlie Kaufman tem logo de raíz a premissa necessária para eu estar na sala, sentada ansiosamente antes dos anúncios começarem: é escrito pelo Charlie Kaufman. Basta lembrar-me do quanto adoro o Adaptation e de quão imensamente intenso achei o Synecdoche, New York.

 

Por ser um filme de animação, Anomalisa ganha a liberdade necessária para ser realista de uma forma que dificilmente um filme live-action conseguiria ser. Pequenos gestos e sons da vivência humana, habitualmente abafados pelo pudor do 'não podemos mostrar coisas não-sexy', são constantes neste filme e tornam-no incrivelmente real.

 

A história, mesmo não estando no máximo da escala de Retorcimento Kaufmaniano (para mim, não peca por isso), expressa de forma deliciosamente metafórica a procura tão tipicamente humana (e geralmente infrutífera) do perfeito, do diferente, do que sabe a novo.

 

Para mim, o melhor filme de 2015.

 

9/10

The Big Short (2015) aka o Subprime baixou-nos os depósitos mas trouxe-nos bons filmes

por rita ralha, em 27.01.16

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Há coisas cujo sabor a novo dificilmente se esgota, por mais vezes que as consuma. Acontece-me com Bollycao e com a crise do subprime.


Este filme é bom, porque consegue ser mais do que um mero explicar do que aconteceu e de quem foi a culpa. Sabe a ficção com pós de documentário e a montagem intensa e momentos de comédia tornam divertido ver e perceber ao detalhe a pior coisa que nos aconteceu economicamente nos últimos tempos.


O Christian "Marry Me Rita" Bale está em grande e claramente fez por merecer a sua Oscar nom

 

Bom filme, mas sem a awesomeness necessária a um Best Picture.


8/10

Bridge of Spies (2015) aka blablabla by Steven Spielberg = Oscar nom

por rita ralha, em 11.01.16

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Ponham-me numa sala de cinema, digam-me que o filme é baseado em factos verídicos e eu fixarei embevecida o ecrã gigante durante 120 a 150 minutos. Sou fácil, sim.

 

Começo a achar que se o Steven Spielbeg espirrar e alguém capturar esse momento em vídeo, tem entrada imediata para a lista de nomeações para o Oscar de Melhor Curta-Metragem. Pelo menos foi aquilo que pensei, terminado este filme. 

 

A história base do filme é cheia de potencial: guerra fria + espiões, Tom Hanks é dominante, parecendo quase ele próprio (da forma que o imagino, pelo menos) e Spielberg filma na sua forma sempre perfeita. Faltou, para mim, sentir mais o medo e o risco que o tom negro do enredo pedia. A música e as piadas dos Coen tornaram o filme muito ligeiro e saí de lá em modo [boceeeeejo] a minha vida ficou igual.

 

Esperava um bocadinho mais, Steve. Teria ajudado.

 

7/10

 

Star Wars:The Force Awakens (2015) aka está cientificamente provado que o Harrison Ford tem bom karma

por rita ralha, em 22.12.15

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Importantíssimo contextualizar o meu nível de psicopatia referente a Star Wars: não estava à porta da sala do cinema de cabelo entraçado enrolado em puxos, nem ocupei o meu percurso até lá com woojjjjjjjjjjs sonoros enquanto brandia os meus braços em torno de um sabre de luz imaginário ou real. Penso enquadrar-me no reduzido nicho de fãs que gostam, mas que aguentavam ver o filme alguns dias depois da estreia, sem que qualquer veia da testa rebentasse.

 

Posto isto, digo ao mundo em voz firme que gostei muito do filme. E penso que assim foi, por ser uma história exatamente ao tom das antigas, por ter 2/3 de diálogos munidos de piadinhas suaves e bem colocadas e incluir uma boa parte de conversas com não-seres que só fazem beep-boops, logo, não nos cansam com diálogos complexos e desnecessários. Fico com vontade de descobrir o que acontecerá no próximo episódio, que serve também como ótimo avaliador.

 

É giro, vão ver (mesmo que tenham a mania que não gostam). E tem o Adam de Girls! Viva o mix feio, mas hot!

 

8/10

Spectre (2015) aka muito BOOM!, mas pouco WHOA!

por rita ralha, em 10.11.15

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Prescrutando a minha mente (com espaço reduzido e com conhecimento apenas de umas três mãos-cheias de filmes 007), não me recordo de algum outro Bond em que as revelações fossem tantas ou tivessem um potencial de impacto tão elevado como neste filme.

 

É difícil elaborar sem referenciar partes do filme (algo que vai contra a minha religião), por isso direi apenas que senti que certas piadas tiveram um pézinho de ridículo (o que causa aquela sensação triste de nos apercebemos de que o filme não está a conseguir absorver toda a nossa atenção), que as típicas revelações que acontecem num filme deste género foram muito sequenciais e relaxadas (cadê aquele momento final ohmeudeus, não acredito!?) e que o impacto de boa parte delas sobre o Bond devia ter sido mais bem explorado, tornando o filme numa viagem profunda e pessoal da sua vida. 

 

Um filme cheio de potencial, mas desaproveitado em virtude de um argumento fraco e subdesenvolvido. 

 

6/10

Legend (2015) aka Tom Hardy + Tom Hardy e nada mais

por rita ralha, em 10.11.15

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Não vou menosprezar o fascínio que sinto quando ouço que um ator interpreta mais do que uma personagem num mesmo filme. I'm that easy. No que diz respeito a este ponto, Legend cumpre e recumpre. Tom Hardy é poderoso de duas formas muito distintas e isso quase chega para encher a barriga durante duas horas.

 

Depois sobra o resto, que não é muito e que parece feito ao de leve, como se a responsabilidade de tornar o filme em algo bom tivesse ficado somente sobre os ombros do Tom Hardy. A música oscila bipolarmente entre um tom melancólico-animado e um melancólico-depressivo, o que me deixou verdadeiramente (oh, como eu adoro advérbios) confusa. Afinal queriam fazer um Goodfellas ou um The Untouchables? (se calhar queriam é fazer uma cena deles - esquisita)

 

Em suma, é interessante pelo fator óbvio e ficamos por aí. Para ver em casa, quando sair no videoclube (ou Netflix - tears of joy!).

 

6/10