Prescrutando a minha mente (com espaço reduzido e com conhecimento apenas de umas três mãos-cheias de filmes 007), não me recordo de algum outro Bond em que as revelações fossem tantas ou tivessem um potencial de impacto tão elevado como neste filme.
É difícil elaborar sem referenciar partes do filme (algo que vai contra a minha religião), por isso direi apenas que senti que certas piadas tiveram um pézinho de ridículo (o que causa aquela sensação triste de nos apercebemos de que o filme não está a conseguir absorver toda a nossa atenção), que as típicas revelações que acontecem num filme deste género foram muito sequenciais e relaxadas (cadê aquele momento final ohmeudeus, não acredito!?) e que o impacto de boa parte delas sobre o Bond devia ter sido mais bem explorado, tornando o filme numa viagem profunda e pessoal da sua vida.
Um filme cheio de potencial, mas desaproveitado em virtude de um argumento fraco e subdesenvolvido.
Não vou menosprezar o fascínio que sinto quando ouço que um ator interpreta mais do que uma personagem num mesmo filme. I'm that easy. No que diz respeito a este ponto, Legend cumpre e recumpre. Tom Hardy é poderoso de duas formas muito distintas e isso quase chega para encher a barriga durante duas horas.
Depois sobra o resto, que não é muito e que parece feito ao de leve, como se a responsabilidade de tornar o filme em algo bom tivesse ficado somente sobre os ombros do Tom Hardy. A música oscila bipolarmente entre um tom melancólico-animado e um melancólico-depressivo, o que me deixou verdadeiramente (oh, como eu adoro advérbios) confusa. Afinal queriam fazer um Goodfellas ou um The Untouchables? (se calhar queriam é fazer uma cena deles - esquisita)
Em suma, é interessante pelo fator óbvio e ficamos por aí. Para ver em casa, quando sair no videoclube (ou Netflix - tears of joy!).
Pouca coisa bate ver o Jake Gyllenhaal a apanhar banhos de sol em tronco nu numa encosta branquinha do Evereste (vá, estou a exagerar, já o vi muito mais hot em vários outros filmes - Jarhead, por favor ). Mas no que diz respeito à história deste filme, a verdade é que o peito semi-peludo do Jake é efetivamente melhor do que grande parte do que se passou no ecrã.
De forma geral, as personagens são um pouco amorfas e misturam-se em torno de um traço comum: quererem muito escalar o Evereste. Um ou outro são mais prudentes, outros mais desmedidamente ambiciosos, mas a verdade é que o argumento não chega a aprofundar aquilo que tornaria o filme substancialmente mais humano: as razões pelas quais cada um deles decidiu fazer uma trouxa e arriscar o pescoço para (tentar) escalar uma montanha e que aquilo que deixou para trás.
Acho que Black Mass ambicionou ser um The Departed ou um Goodfellas, mas ficou-se por algo que mostra apenas (ainda que muito bem) quão assustadora era a figura principal desta história, sem conseguir causar o clima de ansiedade, frustação e medo que se espera estarem associados a temas de malta mafiosa que é capaz de matar só porque o outro o viu pestanejar.
Falta-lhe emoção, apesar de ter um Johnny Depp impressionante.
O que eu realmente senti depois de sair da sala de cinema: meh...
Disclaimer: Por mais sofás para que o Tom Cruise salte, por mais dinheiro que ele dê a uma igreja que acredita em ditadores intergaláticos, vou sempre ser uma fiel fã (quem ainda não é, faça um favor a si próprio e ocupe o agosto a (re)ver: Risky Business, Rain Man ou Jerry Maguire).
Este filme faz jus aos seus antepassados e presenteia-nos com todos os ingredientes essenciais da saga, conseguindo não ser um filme-de-ação-só-para-rapazes (em caso de dúvida sobre o conceito, ver The Expendables, eu só vi 1/3, porque dormi durante o tempo restante): peripécias de extrema dificuldade física, perseguições aceleradas, murros e pontapés perfeitamente sonorizados e as clássicas pitada de romance e piadas suaves.
Dito isto, acho que nunca numa Missão Impossível estive tão por dentro do que se estava a passar (vs. só nos últimos 10m de filme perceber quem é quem), o que de certa forma me deixou a ansiar ligeiramente por um enredo com mais intriga.
Em suma, e porque eu não gosto de falar muito tempo sobre o mesmo tema, é um bom filme de ação e serve bem para preencher uma qualquer tarde de domingo passada prequiçosamente sobre o sofá de comando em riste.
Disclaimer: Eu confesso, sou uma pessoa que adora a Amy Adams no matter what. Faça o que fizer, ela impressiona-me sempre, sempre.
E Big Eyes não é uma exceção. Por mais exuberância que o Christoph Waltz nos mostre, é a fragilidade da Amy que sobressai e que dá brilho ao filme (as cores psicadélicas também ajudam, vá).
De forma geral, é um filme giro e giro pode parecer aquela palavra de crítica preguiçosa, mas é mesmo a palavra certa para este caso. Vê-se bem, mas a nossa vida não perde nada se não o virmos. Vá, leva mais um ponto por ser do Tim Burton e ele ter resistido a não trazer o seu eterno charme gótico/qualquer-outro-adjetivo-semi-negro-que-queiram-utilizar (eu tenho autorização para dizer isto porque sou capaz de ver o Edward Scissorhands em repeat).
[Vou abrir com o que interessa, obviamente] Benedict Cumberbatch mostra-nos mais uma vez que foi feito para estar em frente às câmaras e que é melhor que todos a transmitir níveis elevados de emoção nas escalas "angústia" e "superioridade".
A história é interessante, mas mais pela ansiedade que se cria em nós por querermos perceber como e quando se vai descodificar a Enigma, do que pelas personagens e o enredo que nos são apresentados.
O foco do filme deambula entre a arrogância e determinação do Turing em desvendar o desafio que tem pela frente e os seus problemas pessoais de solidão e desencaixe social, mas de uma forma pouco aprofundada, acabando cada um dos pontos por saber a pouco explorado.
Se calhar estou a dizer muitas coisas negativas, mas para um filme nomeado para melhor filme, melhor realizador e melhor argumento adaptado, esperava sair da sala com uma sensação de impacto maior.
Exercício prático - Preencha o espaço em branco:
A Keira está nomeada para o oscar de melhor atriz secundária porque _______________.
Jeff Bridges e a miúda deslumbram nesta aventura.No entanto, o pensamento inevitável e constante é imaginar que, um dia de manhã, os Coen acordaram e disseram 'bora lá fazer uma coisa normal. Não é mau (nem por sombras), mas é diferente. E quando se gosta tanto do estranho e aparece algo normal, o normal passa a saber a estranho.6/10
Uma química natural entre Drew Barrymore e Justin Long, cortesia do seu namoro na real-life, em conjunto com uma série de fucks em alto e bom som tornam esta comédia interessante e bastante suportável. Um fim ligeiramente mais cru tornaria a história mais sincera.
Numa frase: no dia seguinte, já nem nos lembramos que o vimos, mas passou-se 1h30 agradável.